Vereadores beiram o delírio e querem uma nova Sede para a CMC

Recentemente escrevi um artigo no meu Blog intitulado “A Câmara Municipal de Campinas de Volta ao Centro: Um Passo para a Requalificação da Região”.

Nele explico a origem da idéia da mudança da Sede da Câmara Municipal, localizada hoje na Ponte Preta para o Palácio da Justiça que se originou com a minha indicação em 2021, enquanto vereador e posteriormente apoiada pelo então presidente da Câmara Zé Carlos e do prefeito Dario Saadi.

A demanda vinha ao encontro de um anseio antigo de urbanistas campineiros, que criticavam o esvaziamento do Centro causado pela mudança da Câmara e do Judiciário entre outros.

https://www.paulogaspar.com.br/post/a-c%C3%A2mara-municipal-de-campinas-de-volta-ao-centro-um-passo-para-a-requalifica%C3%A7%C3%A3o-da-regi%C3%A3o

Foram quatro anos de espera para que a idéia fosse aceita pelo Tribunal de Justiça e a Concessão autorizada pelo Governador Tarcisio de Freitas. Estudos técnicos feitos pela CMC deram sinal verde para a viabilidade técnica, porém esta semana veio o balde de água fria: o prefeito Dario Saadi e o Presidente da CMC Rossini se acovardaram e recuaram da idéia. O prefeito anunciou mais uma pirotecnia política e disse que o Palácio da Justiça será utilizado por diversos serviços municipais e de atendimento ao público.

As desculpas esfarrapadas para o recuo da mudança da CMC são inúmeras como: alto custo da reforma para atender as necessidades dos vereadores, espaços inadequados e falta de estacionamento. A idéia foi propagada pela mídia em geral e de forma muito inocente como uma “decisão acertada e de bom senso”.

Eu estive como vereador por quatro anos no prédio da CMC na Ponte Preta e posso afirmar com tranquilidade que os vereadores e os servidores fizeram lobby para que eles não saíssem de lá. É claro que o prédio da Av. da Saudade tem muito mais conforto e espaço para os vereadores e o principal: bem longe da população e dos moradores de rua.

E quando você pensa que o pior já aconteceu e não pode piorar mais, aí vem outra presepada: “o presidente da Câmara, Luiz Rossini, destacou que o prédio da Câmara na Avenida da Saudade “está inadequado, é pequeno para atender aos vereadores, ausência de salas suficientes para as reuniões de comissões especiais e de espaço adequado para acomodar o setor administrativo são fatores limitantes para a qualidade do trabalho. O prédio da Câmara é antigo e não foi projetado para a finalidade atual”. Rossini considerou que a cidade caminha para chegar a 1,2 milhão de habitantes, o que pode causar um aumento do número de vereadores, de 33 para 35, gerando uma demanda ainda maior por espaço. Ou seja, os vereadores querem se mudar para um outro prédio maior para atender suas “necessidades”.

Certamente os vereadores de Campinas, assim como a maioria dos políticos brasileiros acreditam que o dinheiro público “nasce em árvore” e sempre estão pensando em como melhorar sua estrutura de trabalho visando o seu próprio conforto em contraste com a realidade da maioria da população brasileira, que beira à insalubridade.

Ao invés de pensarem em reduzir o número de vereadores, pois sabemos que a maioria deles está ali só pra “se dar bem” e a população que se dane, ainda cogitam em aumentar o número de cadeiras na CMC.

Campinas deveria ser uma cidade exemplo em administração pública, mas prefere seguir o mesmo modus operandi de Brasília onde os deuses do Olimpo merecem estar em um patamar diferenciado. É interessante observar como a maioria dos pré-candidatos, que em suas campanhas esbravejavam que iriam defender os interesses da população, ao serem eleitos vereadores, a primeira coisa que fazem é se enturmarem com as velhas raposas de sempre e se tornarem parte de um corporativismo histórico que passa de “pai pra filho” e esquecem de seus princípios de outrora, se é que um dia tiveram.

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