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Prefeitura confunde Urbanismo com “colcha de retalhos”

  • Foto do escritor: Paulo Gaspar
    Paulo Gaspar
  • 30 de mar.
  • 4 min de leitura

 

Esta semana a mídia de Campinas noticiou a apresentação de um estudo referente ao Hub de Inovação do Complexo Ferroviário de Campinas que prevê o aproveitamento de 41 mil m² dos 200 mil m² do pátio ferroviário que já estão sob a guarda provisória da Prefeitura.  O estudo foi resultado de um acordo de cooperação técnica entre a PUC-Campinas e a Prefeitura, assinado em 2023 e desenvolvido por docentes da Escola de Arquitetura, Artes e Design da PUC-Campinas, com apoio de discentes da universidade.

 

 

O estudo prevê a ocupação dos antigos galpões ferroviários, próximos da antiga rotunda (construção em formato circular onde locomotivas e vagões eram guardados) que precisarão ser restaurados e adaptados para abrigar escritórios de alta tecnologia, startups e empresas de inovação. Os galpões devem atender finalidades culturais, sociais e de inovação, para eventos ligados à cultura, além de lojas destinadas a um futuro 'boulevard', na Rua Doutor Salles de Oliveira. O estudo prevê também um estacionamento para mais de 400 veículos, restaurante, um mercado e praças de alimentação. O secretário municipal de Planejamento, Marcelo Colluccini, afirmou que a vocação das demais áreas do complexo ainda serão definidas. “Tem uma área de aproximadamente 36 mil m2 que é onde o Governo Federal quer a construção de um empreendimento habitacional de interesse social”.

 

E aqui eu faço meu questionamento  como arquiteto urbanista sobre como este projeto de requalificação do Páteo Ferroviário tem sido conduzido pela prefeitura que repete o mesmo “Modus Operandi” de outros erros “Crassos” que têm sido cometidos sucessivamente:  projeto do PIDS (Unicamp), Lei do Retrofit” (Centro), Shopping dos Camelôs (ao lado da Rodoviària) , Reforma do Mercadão Municipal e a utilização do Palácio da Justiça.

 

Não tenho a intenção de questionar a qualidade do estudo feito pelos meus colegas da PUC-Campinas, muito pelo contrário. O que questiono é o Modus Operandi da Prefeitura em lidar com o Urbanismo de Campinas. Antes de fatiar o projeto do Páteo ferroviário como uma colcha de retalhos e entregar cada pedaço para um projetista diferente é necessário que se tenha um estudo Macro (diagnóstico socioeconômico + Masterplan) de todo o páteo ferroviário e toda complexidade envolvida.

 

Dentro de poucos anos entrará em funcionamento o TIC Trem Intercidades que vai ligar São Paulo-Jundiaí-Campinas e futuramente outras cidades da RMC, além do Trem Intermetropolitano (TIM) que vai atender passageiros em Jundiaí e Campinas, passando por Louveira, Vinhedo e Valinhos e também a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que ligará o Centro de Campinas ao Aeroporto Internacional de Viracopos e uma segunda linha deverá conectar Campinas a Hortolândia e Sumaré. 

 

O Páteo ferroviário é lindeiro ao Terminal Rodoviário de Campinas que também tem demandas e desafios a serem compartilhados pois as 2 estruturas deverão trabalhar em sinergia. Conjuntamente ao projeto Macro do Páteo Ferroviário é necessário de um outro projeto Macro do próprio Centro de Campinas. Nem vou citar aqui a necessidade de antes destes dois citados, existir um projeto Macro da cidade pois isto seria pedir demais aos burocratas e governantes de plantão.

 

Durante meu mandato como vereador (2021-2024) destinei uma emenda parlamentar no valor de R$ 300 mil reais para a contratação de uma consultoria especializada na realização de um diagnóstico socioeconômico e urbano de Campinas. O diagnóstico é uma base importante para desenvolvimento econômico do município buscando garantir as condições para o crescimento de médio e longo prazo e que deve estar associado ao planejamento do desenvolvimento urbano para que ocorra sinergia entre ambos os planejamentos.

 

Portanto é preciso montar uma visão integrada e sistêmica com dados, análises e mapas para garantir a otimização de toda a infraestrutura. O sucesso do desenvolvimento econômico sustentável está no alinhamento entre a necessária análise e entendimento dos setores produtivos, investimentos em infraestrutura, da capacidade de atração de empresas e negócios e no desenvolvimento do mercado. Essa compreensão resulta na melhor qualidade de vida da população e no seu impacto sobre o plano de uso e ocupação do solo com a racionalização dos fluxos de pessoas e veículos.

 

Agora quero levantar uma segunda questão: Qual é o critério que a Prefeitura se utiliza para escolher tal ou qual arquiteto ou escritório ou Instituição específica para a realização de um estudo para fazer um “Retalho na Colcha” ou um estudo para um pedaço específico de uma área gigantesca? 

 

O recomendável seria a prefeitura realizar um concurso público tanto para os estudo Macro do Páteo e numa 2ª fase outro concurso para projetos específicos dentro dele. Um complexo público com tantas edificações históricas e com tantas interferências na região central necessita ter uma amplitude maior na participação de outros escritórios e Instituições.

 

Campinas foi degradada por erros históricos de gestões ineficientes, corruptas e burocratas e hoje, urbanisticamente falando é um cenário de caos e degradação. A cidade cresceu sem planejamento urbano e a cada dia, cresce de forma desorganizada e caótica, reflexo do modelo de política municipal que só pensa em governar por 4 anos e sem compromisso com o futuro da cidade. A Campinas que sonhamos só pode se tornar realidade se forem planejadas medidas e intervenções a médio e longo prazo e de forma contínua.

 

Campinas tem a fama entre os urbanistas de ser a “Cidade do Fazejamento” porque ela simplesmente não sabe o significado de “Planejamento Urbano”. O atual grupo político que “governa” a cidade está no poder faz 12 anos e o prefeito foi reeleito para mais quatro. Nesse tempo todo nenhuma ação urbanística de qualidade foi feita, apenas maquiagens eleitoreiras e algumas leis de cunho burocrático com resultados pífios. Mas não podemos desistir e seguiremos cobrando uma reestruturação da Secretaria de Planejamento e Urbanismo e uma mudança de mentalidade dos nossos burocratas de plantão.

 

 
 
 

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